Os
Rothschild constituíram, durante o século XIX, o coração do sistema
financeiro e bancário europeu. Há inúmeras especulações a respeito da
possível influência exercida pela família em guerras e revoluções
europeias. O que é certo, no entanto, é que eles foram responsáveis por
considerável parcela dos empréstimos contraídos pelo Brasil no exterior
durante o século XIX, como o Funding Loan de Campos Salles em 1898. Além
disso, sabe-se, também, que eles têm certa predileção por
empreendimentos vinícolas, já que controlam alguns dos mais badalados
Châteaux de Bordeaux, como o Mouton Rothschild e o Lafite Rothschild e
cooperaram na produção de ícones do Novo Mundo, como Opus One e
Almaviva. Não menos certo é que também se aventuraram em algumas
iniciativas menos nobres, como o Mouton Cadet, um Bordeaux simplório que
tenta se valer das credenciais do nome “Mouton”, e propriedades no
Chile que deram origem, entre outras coisas, a esse Mapu.
O
rótulo curiosamente não traz menção explícita a qualquer tipo de uva. É
apenas no contrarrótulo que aparece alusão à Carménère. Tudo bem, vamos
ver a página na internet. Depois de sermos recebidos por um carneiro
decorativo, temos uma obra-prima muito adequada para os idos de 1999,
2000, quando nos encantávamos com animações e efeitos em Flash. De
conteúdo e informações técnicas, temos pouco. Enfim, vamos ao vinho.
Visual
rubi intenso, quase completamente opaco. No nariz, há difusas notas de
frutas negras estilo mirtilo e cassis junto a claros toques de madeira.
Em boca é apagado, simples e discreto, quase como uma folha em branco.
Um final amargo e decepcionante acompanha cada gole. Uma tristeza. Poucos mercados são tão suscetíveis ao efeito de marcas e de conceitos
pré-fabricados sobre qualidade ou valor quanto o setor vinícola. Eis
aí um exemplo perfeito. Quase nada há que se falar sobre o vinho em si.
Melhor discutir as vicissitudes do mercado.
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