segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Essência e aparência: Casa Valduga - Arte Cabernet Sauvignon

    O rótulo é o cartão de visitas do vinho. O primeiro contato, visual, na prateleira do supermercado ou da importadora, é logo capaz de gerar percepções que dificilmente serão modificadas por aquele que prova. Não é à toa que degustações às cegas são profusamente promovidas. Como sói acontecer dentre humanos, há vinhos que gostam de aparecer, de chamar a atenção e, por isso, ostentam rótulos pomposos, não raro acompanhados por nomes e denominações igualmente requintados. Outros, reservados, usam roupas comuns, sem muito brilho. Às vezes, o estilo do rótulo (ou da roupa) corresponde efetivamente ao conteúdo. Em outros casos, o descompasso fica evidente e o amor à primeira vista, outrora tão fulgurante, dissolve-se à medida que se sucedem os goles. Este Arte, linha de entrada da Casa Valduga, é bom exemplo desta última hipótese.
    Coloração rubi leve, translúcida. No nariz, o perfil típico dos mais básicos vinhos de mesa: muito açúcar e um discreto frutado indistinto. Em boca, mais lampejos genéricos de açúcar e fruta. Ainda que perceptíveis, os esforços da vinícola de agregar valor e um certo requinte à proposta por meio, sobretudo, do rótulo e do nome são ineficazes. O produto, a essência, é absolutamente trivial e comum, mesmo que envolta em invólucro que se pretende rebuscado. Não surpreende que a Valduga integre a lista daqueles que, em tempos passados, pediram a adoção de salvaguardas contra a “invasão súbita” dos chilenos e argentinos de baixo custo. Efetivamente, ao preço cobrado por este “Arte”, é possível encontrar melhores opções provenientes desses países. 

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