Todos
sabemos do potencial brasileiro no que concerne aos espumantes. Nem
todos, no entanto, conhecem Adolfo Lona, um argentino radicado no Brasil
há mais de 40 anos que produz espumantes artesanais em Garibaldi. Na
quarta-feira passada (17/10), tivemos a oportunidade de conhecê-lo e
degustar seus espumantes, graças a iniciativa da Casa Rio Verde,
tradicional importadora mineira que traz as criações de Lona para BH.
Poderíamos
passar um longo tempo comentando a respeito do pioneirismo e da
excelência de Adolfo no campo dos espumantes rosé, em relação aos quais
vigora um injustificado preconceito. Poderíamos esmiuçar os
interessantes detalhes de produção de sua magnum opus,
o Orus, único espumante rosé brasileiro “pas dosé”, ou seja, feito sem a
adição de licor de expedição. O que mais impressionou, contudo, no
breve contato que mantivemos com Adolfo, foi sua atitude em relação ao
vinho e à vitivinicultura em geral. Ao ensinar, com um misto de humor e
paixão, como abrir um espumante da maneira adequada, Lona deixa
transparecer seu amor pelo que faz na cantina. Ao criticar a abordagem
do vinho como mercadoria e exaltar as virtudes sociais e integradoras da
bebida, o carismático produtor contribui para a desconstrução da aura
de intangibilidade e mistério que ainda insiste em envolver o mundo
enológico. Seu blog, Vinho sem frescuras, contém valiosas lições de
alguém que entende do mister vinícola e preza pela divulgação do vinho
como fonte de prazer e alegria.
Feitos os devidos reconhecimentos, podemos passar a breves comentários sobre as propostas:
- Brut Charmat: agradável, simples e direto, transbordante de frutas brancas. Em boca é saboroso, vivo. Delicioso e refrescante.
-
Brut Rosé: um belo amálgama entre frescor e estrutura. Traz discretas
notas de flores e frutas vermelhas. Tenho que dedicar mais atenção ao
intrigante mundo dos espumantes rosé.
- Brut método tradicional: depois da explosão do Charmat e do equilíbrio do rosé, acabou
passando batido. Há alguma coisa de fermentado, como pão. Não se
destacou de modo particular.
-
Nature: uma das estrelas da noite, traz um pacote completo com frutas,
pão torrado e toques florais. Em boca é potente como deveria ser, ainda
que o toque de Merlot suavize um pouco as coisas. Admirável equilíbrio
em uma proposta complexa, já que não há açúcar para mascarar possíveis erros.
-
Orus: o grande senhor, do qual foram produzidas cerca de 600 garrafas.
No nariz, tem muita coisa acontecendo: frutas brancas e vermelhas
combinadas a pão torrado, nozes. Em boca tem farta estrutura. Final
surpreendentemente longo. Nunca havia provado um espumante rosé desse
nível. É incrível como aparecem elementos de vinho tinto integrados ao
frescor dos brancos. Seria preciso mais tempo e calma para compreender
tudo o que havia nele.
-
Demi: os 22 gramas de açúcar por litro e a intensidade da fruta remetem
a sobremesas cítricas, como uma bela torta de limão. Boa conclusão para uma refeição.
Agradeço
ao pessoal da Casa Rio Verde, especialmente à Regina e ao Haendel, pela
oportunidade e pela atenção dispensada ao meio enológico cibernético. É com grande alegria que constatamos o considerável potencial e a alta qualidade dos espumantes nacionais.
Hum... quero provar esse demi, parece delicioso!
Ficou muito bacana a matéria, valeu!!! regina perillo
Vc vai gostar!
Obrigado!
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