segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Meditações sobre a Pinot Noir: Calyptra Premium - 2012

    Continuando a saga pelos Pinot Noir chilenos, iniciada há pouco com o Ritual, da Veramonte, provamos hoje esta proposta da Calyptra, vinícola fundada pelo cirugião plástico José Zahri em 1989. Situada no Vale do Cachapoal, o “maestro” da Casa é o enólogo-tanoeiro François Massoc.
    Provar Pinots chilenos é sempre uma tarefa que suscita questionamentos filosóficos. Sabemos que, em teoria, a Pinot deveria dar origem a vinhos mais leves em termos de coloração e estrutura e apresentar toques delicados de frutas, flores ou até outras notas menos ortodoxas. De maneira tranquila e discreta, um Pinot deveria ser um vinho mais pensativo e mental, que conquista pelo charme e pela fala, mais do que pelos dotes físicos. Quantas vezes, contudo, nos deparamos por aí com Pinots escuros como petróleo, cheios de madeira, beirando os 15% de teor alcoólico? Certamente, devemos deixar que cada região expresse sua versão de cada uva, mas há limites. Não podemos pedir à Pinot que se comporte como se fosse Syrah.
    Foi com apreensão, portanto, que notei que esse Pinot passa nada menos que doze meses em barrica. Natural, em se tratando de um enólogo-tanoeiro, certo? Ainda pior, os bombásticos 14,5% de álcool denotavam fruta muito madura, muito corpulenta e cheia de açúcar.   
     Visual rubi intenso e vivaz, mas ainda translúcido. No nariz, muita fruta vermelha fresca com toques esverdeados herbáceos. Em boca é cheio de cerejas e framboesas. De tão intenso, parece que estamos mastigando um daqueles bolos de frutas com chantilly. Os níveis de açúcar estão realmente elevados, aqui. Um Pinot bombástico e desvirtuado, que precisa desesperadamente de equilíbrio e refinamento.

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