O
Vinho do Porto sempre fora uma espécie de território místico e
desconhecido para mim, assim como os demais vinhos fortificados. Talvez
por mera falta de oportunidade, talvez por temer a aura de opulenta
seriedade que circunda esse estilo de bebidas, que vêm, não raro,
escoltadas por charutos e coisas do gênero, passei ao largo das
fantásticas experiências que podem ser proporcionadas por essa criação
britânico/portuguesa. Por falar nisso, uma das mais interessantes
características do Vinho do Porto é justamente simbolizar a proximidade
entre as monarquias britânica e portuguesa no início do século XVIII.
Nesse sentido, o Porto nada mais é do que a expressão enológica do
Tratado de Methuen de 1703.
Não pretendo e nem seria capaz de destrinchar, aqui, todas as
múltiplas categorizações e classificações que o Porto pode receber.
Basta sabermos que esse Tawny Reserva da gigante Vallegre passa algum
tempo a mais em madeira do que os Tawny normais, fato que fica evidente
ao apreciarmos seu visual ocre, alaranjado. No nariz, temos uma profusão
de diferentes elementos: ferrugem, couro, baunilha, café. Mesmo à
temperatura ambiente, o álcool não chega a incomodar. Em boca, temos
açúcar mascavo, caramelo, alcaçuz. Aveludado, xaroposo e elegante, uma
delícia. Eis aí uma ótima maneira de adentrar o fantástico mundo do
Porto!
Mas já está acabando o vinho!
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