sábado, 20 de outubro de 2012

Adolfo Lona e seus espumantes

    Todos sabemos do potencial brasileiro no que concerne aos espumantes. Nem todos, no entanto, conhecem Adolfo Lona, um argentino radicado no Brasil há mais de 40 anos que produz espumantes artesanais em Garibaldi. Na quarta-feira passada (17/10), tivemos a oportunidade de conhecê-lo e degustar seus espumantes, graças a iniciativa da Casa Rio Verde, tradicional importadora mineira que traz as criações de Lona para BH.
    Poderíamos passar um longo tempo comentando a respeito do pioneirismo e da excelência de Adolfo no campo dos espumantes rosé, em relação aos quais vigora um injustificado preconceito. Poderíamos esmiuçar os interessantes detalhes de produção de sua magnum opus, o Orus, único espumante rosé brasileiro “pas dosé”, ou seja, feito sem a adição de licor de expedição. O que mais impressionou, contudo, no breve contato que mantivemos com Adolfo, foi sua atitude em relação ao vinho e à vitivinicultura em geral. Ao ensinar, com um misto de humor e paixão, como abrir um espumante da maneira adequada, Lona deixa transparecer seu amor pelo que faz na cantina. Ao criticar a abordagem do vinho como mercadoria e exaltar as virtudes sociais e integradoras da bebida, o carismático produtor contribui para a desconstrução da aura de intangibilidade e mistério que ainda insiste em envolver o mundo enológico. Seu blog, Vinho sem frescuras, contém valiosas lições de alguém que entende do mister vinícola e preza pela divulgação do vinho como fonte de prazer e alegria.
    Feitos os devidos reconhecimentos, podemos passar a breves comentários sobre as propostas:

- Brut Charmat: agradável, simples e direto, transbordante de frutas brancas. Em boca é saboroso, vivo. Delicioso e refrescante.

- Brut Rosé: um belo amálgama entre frescor e estrutura. Traz discretas notas de flores e frutas vermelhas. Tenho que dedicar mais atenção ao intrigante mundo dos espumantes rosé.



- Brut método tradicional: depois da explosão do Charmat e do equilíbrio do rosé, acabou passando batido. Há alguma coisa de fermentado, como pão. Não se destacou de modo particular.
- Nature: uma das estrelas da noite, traz um pacote completo com frutas, pão torrado e toques florais. Em boca é potente como deveria ser, ainda que o toque de Merlot suavize um pouco as coisas. Admirável equilíbrio em uma proposta complexa, já que não há açúcar para mascarar possíveis erros.

- Orus: o grande senhor, do qual foram produzidas cerca de 600 garrafas. No nariz, tem muita coisa acontecendo: frutas brancas e vermelhas combinadas a pão torrado, nozes. Em boca tem farta estrutura. Final surpreendentemente longo. Nunca havia provado um espumante rosé desse nível. É incrível como aparecem elementos de vinho tinto integrados ao frescor dos brancos. Seria preciso mais tempo e calma para compreender tudo o que havia nele.

- Demi: os 22 gramas de açúcar por litro e a intensidade da fruta remetem a sobremesas cítricas, como uma bela torta de limão. Boa conclusão para uma refeição.

    Agradeço ao pessoal da Casa Rio Verde, especialmente à Regina e ao Haendel, pela oportunidade e pela atenção dispensada ao meio enológico cibernético. É com grande alegria que constatamos o considerável potencial e a alta qualidade dos espumantes nacionais. 

Elis Bastani disse...

Hum... quero provar esse demi, parece delicioso!

Reginaperillo disse...

Ficou muito bacana a matéria, valeu!!! regina perillo

Fábio Baptista disse...

 Vc vai gostar!

Fábio Baptista disse...

 Obrigado!

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