quarta-feira, 18 de maio de 2011

Abaixo às pontuações infladas!!

By Agne27 (Own work) CC-BY-SA-3.0 or GFDL
    Vivemos numa época de inflação de pontos enológicos. Se um vinho de um produtor desconhecido não atinge o místico patamar de 90 pontos por Robert Parker, fecham-se as portas das oportunidades no mercado norte-americano. Hoje, pontuações acima de 90 são coisa de todo dia, distribuídas ao léu da ventania. James Suckling não vê razão em publicar análises de vinhos avaliados em menos de... 90 pontos.
    Não me sinto capacitado, nem tenho vontade de pontuar vinhos. É que a sublime experiência do cálice é mais afeita à emotividade das palavras do que à frieza dos números, creio. Dizem, com razão, que pontuar um vinho é como pontuar um pôr-do-sol, ou coisa semelhante. Os que pontuam geralmente invocam o argumento do interesse do consumidor, que, diante de tantas opções, deve ter um referencial para tomar decisão. Também têm razão. O problema é quando dizem que não há tempo para gastar com vinhos “ruins”, como parece pensar a simpática Andrea Robinson, Master Sommelier “entrevistada” por Gary Vaynerchuk, neste episódio de Daily Grape. Eu quero ler sobre vinhos desastrosos! Quero saber que um novo produtor no meio do nada fez um vinho “regular”, mas que possivelmente terá um preço atraente. Saber o que se deve evitar é também um caminho para saber o que comprar. Pessoalmente, acho mais interessante e intrigante a história de um produtor desconhecido que, ao longo dos anos vai melhorando suas pontuações até chegar a um humilde 85 ou 86 do que a de um Grand Cru Classé que nunca saiu dos 90+. Mas... e se um dia sair? Não vamos falar dele? Não deveria o consumidor saber o que NÃO DEVE comprar?

Denys_roman disse...

Muito bem observado, realmente o foco excessivo nos pontos faz com que alguns vinhos sejam inflacionados e outros vinhos com bom custo benefício sejam ignorados pelos consumidores.

Cheers!!!
Denys Roman
www.facebook.com/denys.roman

Fábio Baptista disse...

Valeu, Denys!

paulo meravilhao disse...

Que afirmação triste do Suckling...pessoalmente não o
seguia na Wine Spectator, imagine agora...James who?
De modo geral concordo com você, Fabio: um vinho não deve
ser julgado em números; eu acabo dando também as minhas notas para os motivos
que expliquei logo quando comecei a escrever de vinhos: http://mondovinho.blogspot.com/2010/04/criterios-de-avaliacao-gringa.html


Também falei do mito dos 100 pontos: http://mondovinho.blogspot.com/2011/02/o-vinho-perfeito-e-o-mito-dos-100100.html


Enfim, vinho bom não precisa ser pontuado. E vinho pontuado
nem sempre é bom.


Parabéns pela bela postagem.
Abs!

Fábio Baptista disse...

Estava aguardando seu comentário! Obrigado!

Ulf disse...

Olá Fábio,O problema foi talvez o grande foco de pontos em
geral nos canais de venda, e menos interesse das impressões e descrições dos
críticos. Os pontos são fáceis de entender, mas é simplificado. Ajuda como um
complemento, mas não deveria só ser um número fora de contexto.Um abraçoUlf

Fábio Baptista disse...

 é verdade, Ulf... os números são um bom guia, se vc achar um crítico que tenha um gosto parecido com o seu... o que eu não entendo é essa moda de não publicar sobre vinhos abaixo de 90 pts...

Ulf disse...

Concordo Fábio, não nada a ver só trabalhar com vinhos acima
de 90  (como ele poderia saber isso antes de degustar também?) e como você
falou, o importante é perceber qual crítico tem similar paladar com o seu.
Talvez a hegemonia de só alguns críticos super influentes ‘wine gurus’ começa a
diminuir com a maior influência dos blogs e, redes sociais etc.

Ulf disse...

Fábio,



Falando de James Suckling, segue abaixo um artigo, e especialmente a longa discussão
nos comentários, em referência da ética dos críticos, e a dúvida se é certo
para um critico lucrar com um evento, com os mesmos vinhos e vinícolas que ele
também avalia.




James Suckling foi muito criticado. Antoni Galloni da equipe de Wine Advocate foi
também criticado, mas um pouco menos. Antoni Galloni tenta se defender nos comentários.




http://winediarist.com/under-a-tuscan-cloud/comment-page-1/#comments


Um abraço
Ulf

Fábio Baptista disse...

Particularmente, não creio que o conflito de interesses em si seja um problema, desde que anunciado. Ao fim e ao cabo, fica aos leitores a escolha de qual jornalista seguir.

Fantástica a dica, Ulf! Valeu!

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