domingo, 27 de outubro de 2013

Casa Rio Verde dá palhinha da nova importação de italianos no Espaço Renato Quintino

    A Casa Rio Verde apresentou, em belíssimo jantar capitaneado pelo chef Renato Quintino, parte do resultado do longo garimpo realizado por Haendel Roberto, superintendente da Casa, junto a mais de cem produtores italianos. Selecionaram-se 27 rótulos de dez cantinas localizadas em oito diferentes regiões. Essa remessa comporá a primeira etapa de importações. A segunda virá ano que vem. Seis dos 27 rótulos foram eleitos para acompanhar as fabulosas criações gastronômicas de Renato Quintino, apresentadas em seu badalado Espaço no alto das "montanhas" do Santo Antônio.


   - Os trabalhos foram abertos com um rótulo fora do roteiro. Era o Falerio da Tenuta de Angelis, tradicional vinícola da região de Marche, frequentemente deixada de lado pelos enoentusiastas em favor da vizinha mais badalada, a Toscana. A casa vem passando, desde a década de 80, por um processo de modernização e de redescobrimento do terroir local. Duas castas brancas da região foram trazidas de volta ao palco: a Pecorino e a Passerina. Essas duas joias locais são combinadas à Trebbiano e a outras uvas brancas para compor o Falerio, DOC que evidencia a influência romana sobre a região. Trata-se de vinho muito fresco e perfumado, evocando frutas brancas e discretos lampejos florais.  A seguir, outra criação da de Angelis, o Offida Pecorino. A DOC Offida exige 85% de Pecorino no corte e impõe limites de rendimento por hectare, o que resulta, geralmente, em vinhos mais densos. Foi o caso desse Offida, um dos mais ricos vinhos brancos que provei esse ano. No nariz, é uma explosão floral como raramente se vê. Um verdadeiro buquê de flores brancas com discretos arremates frutados. Em boca, é denso e mineral, cheio de frutas. Uma delícia.




    - Do Vêneto, Haendel trouxe um Bardolino de Matilde Poggi, uma das maiores especialistas nessa DOC, que já foi amplamente criticada em razão de seu estilo leve e tranquilo. Matilde começou a vinificar em 1984 e desde então vem trilhando seu próprio caminho, imune aos reclames do mercado internacional, que demandava vinhos densos e estruturados. A determinação rendeu bons frutos: seu Bardolino tem personalidade, evocando frutas vermelhas frescas, especialmente morangos e cerejas. Por vezes, algo no estilo de pimenta do reino também aparece. Harmonizou perfeitamente com o delicado bacalhau com risotto preparado por Renato Quintino.



    - O Abruzzo é outra região vinícola geralmente pouco conhecida e explorada, se comparada aos outros medalhões italianos. De lá, a Casa Rio Verde trará o Montepulciano d`Abruzzo Riserva Rubesto 2009, produzido pela Cantina Frentana. A casa localiza-se no coração do Abruzzo e foi a segunda cooperativa da região, fundada em 1958. Hoje, além de contar com mais de 400 produtores cooperados, a Cantina Frentana produz seus próprios vinhos, que têm tido boa recepção no mercado. O Rubesto, que passa por estágio de doze meses em carvalho e mais seis em garrafa, pode ser descrito em um único adjetivo: acachapante. Produzido em parcelas selecionadas dos vinhedos da Cantina Frentana, o Rubesto mostrou belíssimas frutas negras (amoras, ameixas, mirtilos) densas e poderosas. O carvalho foi perfeitamente integrado, escoltando e servindo de contraponto à grande riqueza de frutas. Havia, também, notas mais discretas de especiarias e baunilha. Sem dúvida, o melhor tinto da noite. Um belíssimo trabalho que caiu muito bem com o carré de cordeiro ao molho de laranja executado por Renato Quintino.


    - A Cantina Terenzi é uma jovem vinícola na região da Maremma, na Toscana. O sucesso é contínuo e crescente, o que pode ser constatado pela indicação da cantina como vinícola revelação do ano de 2013 pela Revista Gambero Rosso. Seu Morellino di Scansano básico, que será importado pela Casa Rio Verde e que provamos no evento, já frequentou as páginas da Wine Enthusiast em passado recente, tendo recebido 88 pontos. Trata-se de um vinho frutado, direto e simples, rico em cerejas e groselhas frescas. A ausência de madeira fazem dele uma opção descomplicada.



    - Finalmente, o sul da Itália, capaz de produzir vinhos potentes, complexos e marcantes a bons preços. Da Puglia virá um varietal Primitivo produzido pela Feudi di Guagnano, casa fundada em 2002 com o objetivo de exaltar e promover as castas da região, sobretudo a Negroamaro, a Malvasia Nera e a Primitivo. O Terramare traz tudo aquilo que se poderia esperar de um Primitivo típico: frutas negras pronunciadas (amoras) com algum toque de alcaçuz e especiarias. Em boca é denso e potente, com álcool presente, mas sem desequilibrar. Interessante.




    - Para concluir os trabalhos, um descontraído Lambrusco da DOC Grasparossa di Castelvetro, produzido pela cooperativa Cantina Formigine Pedemontana. Geralmente, não sou amante dos "amabile" e de seus altos níveis de açúcar, mas este, um Lambrusco bem feito, que em nada lembra muitas das coisas que usualmente temos por aqui, escoltou perfeitamente bem a torta de maçã preparada por Renato Quintino, um magnífico arremate para uma bela noite.


  
    - Ao fim e ao cabo, devem ser reiterados os cumprimentos ao Haendel e a toda a equipe da Casa Rio Verde pela bela seleção de italianos que comporá essa leva de importação. Ficou evidente a intenção de prestigiar produtores de variadas regiões que exaltam as peculiariadades e as tradições locais, mesmo que, em certos casos, as atitudes de alguns deles contrariem as necessidades mercadológicas. Trata-se de atitude louvável, especialmente tendo em vista as vicissitudes do mercado nacional. Mais uma vez, agradeço ao pessoal da Rio Verde pela oportunidade de participar do evento e ao Chef Renato Quintino pelas iguarias preparadas com esmero!

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