A Itália é, provavelmente, o maior celeiro de variedades autóctones em todo o mundo. Mas nem todas as uvas são iguais perante a lei. Apenas uma parcela delas é amplamente conhecida e exportada: a Sangiovese, em suas várias interpretações e a Nebbiolo, no Barolo e no Barbaresco, ganham a maior parte das atenções no palco mundial. Pouco se ouve por aí sobre Barbera, Dolcetto, Aglianico ou Ruché nos tintos, Falanghina, Greco, Verdicchio ou Garganega nos brancos. O fato é que estas uvas são capazes de produzir excelentes vinhos e muitas vezes, graças à falta de marketing e divulgação, chegam a custar uma fração dos badalados Chianti Classico Riserva ou Brunello di Montalcino. No Brasil, esbarram em uma forte barreira: a carga tributária e os custos de transporte, que acabam por posicioná-los muito acima da faixa de preço dos chilenos e argentinos mais simples e conhecidos.
O vinho que provamos hoje é o combustível dos piemonteses para o dia-a-dia. A Barbera, por muitos anos, foi considerada o patinho feio do Piemonte, relegada às piores parcelas de terreno. Nos últimos anos, produtores como Renato Ratti têm investido na Barbera, alcançando bons resultados. Esta proposta da Arione, contudo, é simples e simplicidade, como veremos, é a melhor palavra para descrever este vinho.
Coloração carmim intensa mas não completamente opaca. No nariz temos bastante fruta fresca em evidência: amoras, cerejas, framboesas. Em boca é bem estruturado, com uma nota vegetal um pouco amarga, boa acidez. Taninos muito mansos e curta persistência. Um vinho equilibrado, sem excessos de álcool ou madeira, nem aquela sensação de fruta artificial, como é cada vez mais comum de ser ver por aqui. Nada de espetaculoso, apenas um bom companheiro para aquela pizza de quarta-feira. Precisamos de mais vinhos assim, abaixo dos vinte reais, de preferência. Este custou R$ 25, no Verdemar.
Bela pechincha, Barbera abaixo de R$30 é uma verdadeira raridade...!
Pois é, este estava na promoção, normalmente fica por volta dos 30 mesmo.
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