segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Torrontés de todos os santos!

Eis que você se encontra em uma tórrida noite de verão, em plena Salvador. A primeira necessidade é, por óbvio, buscar algum alívio do calor sufocante. O impulso imediato é a boa e velha cervejinha, mas não! Temos de aceitar o desafio de
encontrar um vinho, decerto branco, que dê conta do recado e não mutile nossas parcas economias. Tarefa difícil considerando os efeitos devastadores do câmbio e as escolhas limitadas que nos oferecem os supermercados baianos. Imbuídos do espírito caçador de Oxóssi, adentramos um dos estabelecimentos que se propõem a servir a fina flor da sociedade soteropolitana. O desânimo que impera na suposta "Adega" é quase  merecedor de um verso de Dorival Caymmi. Mas eis que das profundezas surge um cavaleiro desconhecido, portando as insígnias do caudilho Francisco "Pancho" Ramirez. Suas credenciais são interessantes: Torrontés fresquinha e, acima de tudo, uma atraente etiqueta de R$ 19,90. Embarcamos nessa canoa furada. Uma rápida pesquisa mostra que o produtor é um grande conglomerado argentino de bebidas diversas. Sejamos fortes! O resultado é bem melhor do que o esperado. Temos aqui tudo que um pequeno projeto de Torrontés deve oferecer: notas explosivas de frutas brancas no nariz e muita, muita refrescância e acidez em boca. Nosso pequeno guerreiro se mostrou digno dos louvores de Iemanjá, espantou as temperaturas vulcânicas da noite baiana e, quem sabe, tenha até fibra para escoltar quitutes arretados! Deu bão!

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